terça-feira, 19 de novembro de 2013

A MINHA SOPA DE LETRAS



Confesso, que ao contrário de muitas crianças, eu sempre gostei de sopa.
Os meus Pais, sempre me incutiram a importância que ela representa para a nossa alimentação.
Daí, nunca ter mostrado qualquer relutância.
Desde a sopa confecionada pela minha Avó, até a da minha Mãe, adquiri esse bom hábito.
Passada, ou por passar, eu é que nunca passava sem uma boa sopa.
Mas havia, uma que particularmente me chamava a atenção.
A sopa de letras.
Isto porque tentava retê-las no fundo do prato, para no fim ver que palavras conseguia obter.
Aquele momento envolto numa perfeita incógnita aguçava-me a curiosidade, e porque não dizer o apetite.
Qual seria o desfeche?
Sugeria à minha Mãe, que me servisse a sopa no fim, para que dessa forma não ficassem à espera do acasalamento das letras, para construir as palavras que elas me proporcionassem.
Na minha família já todos conheciam a paixão que eu nutria pela sopa de letras.
Ela foi rebatizada, com o cognome, sopa do Diogo.
Os meus Pais dizem que a primeira palavra que construí, foi o meu nome.
Por várias vezes tentei escrever o nome dos meus Pais, mas com trinta diabos, faltava-me sempre a letra R!
Porque haviam eles de ter em comum o R no nome!
Será que que no empacotamento não introduziam de forma igualitária todas as letras?
Eu já não tinha idade para dizer, Pedo e Cataina!
Imaginem como ficaria a lengalenga, do ato que oeu a olha da gaafa do ei da ússia!
Ainda hoje riu, ao comer sopa de letras.
Traz-me a memória esses tempos idos, de uma imaginação entregue as sortes de um prato de sopa.
Recordo um episódio, que fez o meu Pai soltar uma sonora gargalhada.
Eu naquele dia tinha conseguido escrever, o benfica e campiao!
Claro está que lhe faltavam os acentos.
Ele que era Portista, em tom provocatório apressou-se a juntar as letras, e responder-me.
Isso já foi ha muito tempo!
Claro está que eu rapidamente comi uma boa colher de letras para o não deixar escrever mais.

Diogo, grande batoteiro!
Muitas vezes o meu Pai, ficava a ajudar-me a catar as letras, para simplificar o desafio a minha paciência.
Enquanto isso, a minha Mãe, arrumava a cozinha, e gracejava dizendo:

Olha que dois!
Ela já conhecia a grande paixão que eu e o meu Pai sempre evidenciamos por jogos de paciência.
Não era por acaso que tinha o meu quarto quase todo forrado de puzzles, onde eu investia uma boa parte do meu tempo libre.
Olhando agora para traz, até que encontro um paralelismo entre a sopa de letras  e o puzzle
Ambos aguçavam a arte e engenho, para algo que temos de procurar de forma incessante na sopa da vida, onde nos vão sempre faltar letras!

 

DIOGO_MAR

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

UMA MOCHILA CHAMADA FELICIDADE






De corpo franzino, pele bastante clara, olhos de um azul vivo, cabelo cor avelã.
É o retrato físico do personagem desta História.
Uma criança, de carater e personalidade vincada, determinado nas suas tomadas de decisão.
De espirito solidário, dava aos outros, o que para si precisava.
Um verdadeiro altruísta.
O Rodrigo, ostentava uma grande revolta pelo degradante ambiente familiar, com o qual coabitava.
Uma família desarticulada, com graves problemas de alcoolismo.
Na escola, transbordava toda a sua raiva de uma vida vestida de madrasta.
Era considerado um aluno altamente problemático, e conflituoso.
São os rótulos fáceis de aplicar em avaliações e julgamentos feitos em gabinete, ignorando a origem do problema.
Ele tentava fintar a amargura, que lhe corroía a alma, com um sorriso terno e doce, que imanava do seu rosto, onde 3 sardas se evidenciavam.
Criança, irreverente e traquina, eram atributos perfeitamente normais para a sua tenra idade.
Estava pelos 7 anos, um curto caminho, mas repleto de sofrimento.
O fator proximidade, fazia de mim uma testemunha da sua execrável realidade familiar.
Dessa forma eu era das poucas pessoas por quem ele nutria simpatia, laços que o tempo transformou em amizade.
Era na minha casa que lhe saciava a fome, e lhe dispensava a atenção e o respeito a que uma criança tem direito.
Foi num fim de tarde pardacento do mês de novembro, que sentados nos degraus de acesso ao alpendre de minha casa, desfiamos esta conversa.
O Rodrigo, implorava, através de um olhar triste e distante, que lhe dessem a oportunidade de ser feliz.
De sentir o calor de um carinho, e que acreditassem nele.
Recordo algumas questões que me colocava.

O que é preciso fazer para ser feliz?

Os pobres também podem ser felizes?
A que idade chega a felicidade?


Estava espelhada a vontade sôfrega de encontrar algo que lhe parecia inatingível, e que os seus 7 anos de idade estavam famintos.
A felicidade.
O azul dos seus olhos, tornava-se ainda mais explícito.
Fitando-me, perguntou.

Estou-te a aborrecer com as minhas perguntas, não é?


Não, claro que não Rodrigo.
Eu não podia ser mais um, a defraudá-lo, nas suas espectativas.
A felicidade, é como uma semente que lançamos à terra, para germinar, crescer, e colher o fruto.


Então a nossa amizade também é uma dessas sementes?

Sim, claro que sim.

Então é por isso que quando estou junto de ti, me sinto feliz?

Sim, é exatamente isso. A felicidade tens que ser tu a construi-la, e a procura-la nas coisas boas que a vida nos oferece.

Pois, mas eu sou mau!
Na escola até já me disseram que devo ser filho do diabo!


Rodrigo, todas as pessoas nascem boas.
Olha, para aquele eucalipto!
Do seu tronco nascem vários ramos, que se multiplicam.

Sim e?

Imagina que é a estrada principal da vida.
Depois temos os atalhos, cabe-nos saber tomar a direção certa.

É por isso que as pessoas dizem, quem se mete em atalhos, mete-se em trabalhos?

Nem mais, é isso mesmo.

Devemos optar sempre pelo caminho da verdade, justiça, e humildade.

Ajudas-me a encontrá-lo?

Sim, é o meu dever, como teu amigo que sou.
O tempo foi passando, e o Rodrigo procurava em mim o alicerce que familiarmente não tinha.
Lembro um desabafo que de forma espontânea fez.

Tu é que podias ser o meu Pai!
Nós devia-nos poder escolher os nossos Pais.
Mas não pode ser pois não?


Não Rodrigo.
Mas podemos fazer bons amigos, que nos podem ajudar a enfrentar os problemas e desafios que a vida nos impõe.

Como um jogo de futebol, que umas vezes ganhamos, outras perdemos?


Exatamente.
Sabes Rodrigo, é tão glorioso saber ganhar, como é ainda mais saber perder.
Um verdadeiro campeão vê-se na derrota.

Mas então para sermos felizes, temos que sofrer?

Inevitavelmente sim.
Mas acredita, que o sabor da vitória quando chega sobre algo de muito difícil, dá-nos mais força, mais alento para o futuro.

Olha, sabes uma coisa?

Diz.


Eu vou fazer 8 anos na próxima quinta-feira.


Ó, e achas que eu me ia esquecer disso?
Claro que não Rodrigo.
Que presente gostavas de receber?

Uma mochila carregada de felicidade.


Ok, vamos ver o que se arranja.


No outro dia que fui a vila, vi uma muito fixe, era da nike.
Mas o meu Pai disse-me, que se eu lhe falasse em comprar um garrafão de vinho, é que falava bem ameaçando-me com um estalo.
Eu quero crescer rapidamente para sair de casa, levo a minha mãe comigo.
Se não fosse a tua amizade, já nem sei o que tinha feito.

Havia dias em que o Rodrigo, recorria a mim, para jantar e até mesmo dormir, fugindo do quadro de terror que vivia em casa.

Para dormir mais aconchegado, enrolava uma mantinha, que colocava na cama ao seu lado.
Habituou-se de tal forma a este ritual, que ainda hoje o preserva.
Aqui está a origem do nome deste blog.

Sabes, por vezes vou até ao rio, e choro sozinho, por não ser igual aos outros meninos da minha escola.
Eles gozam-me pelas tristes figuras que o meu Pai faz quando está bêbado.
Vamos ter uma festa de natal, eu vou participar, numa peça de teatro, mas já sei que não vou ter os meus Pais a ver-me.

Eu estarei presente Rodrigo.


Tu vais?


Claro que sim, ia lá eu perder uma peça de teatro onde o meu amigo vai participar!
Estarei lá, e na fila da frente.
Vi lágrimas nos seus olhitos, desgastados pelo sofrimento.

Poço d’arte um abraço forte?


Então porque não o havias de poder fazê-lo!

Gostava de combinar contigo um segredo, mas tenho medo que fiques zangado!

Diz lá.


Quando estiver contigo poço chamar-te de Pai?


Se isso contribuir para a tua felicidade, claro que podes.
Eu irei continuar a ter a mesma postura que tenho tido até aqui.
Ser teu amigo.
Levantou-se num ápice olhou-me nos olhos abriu os braços como se fosse abraçar o mundo, e selou ali a nossa já grande mas agora reforçada amizade.
Porque entre mim e ele, agora eramos Pai e Filho.
No dia do seu aniversário, presenteei-o com a tão sonhada e desejada mochila.
Foi dos momentos mais emocionantes que vivi.
Aquela criança, a completar 8 anos, abraçou-me de maneira tão efusiva, agradecendo-me, tudo isto alagado num mar de lágrimas de felicidade, ao qual eu não consegui ficar indiferente.
Depois, de digerir-mos aquele momento, arranquei-lhe um sorriso supra encantador, quando lhe disse.
Rodrigo, afinal já tens a mochila, que tanto querias, e ela veio cheia de felicidade, como tinhas pedido!
Ainda com a voz trémula respondeu.

Obrigado Pai, por realizares este meu sonho!
Afinal ela existe!
Tudo vou fazer, para te retribuir, tornando-me um bom menino, e bom aluno.
Acreditas em mim não acreditas?

É obvio que sim, és o meu campeão.


Vais-te orgulhar muito de mim!

Assim é que se fala!
Como vez, a vida não é feita só de tristezas!
Quero-te agradecer este dia Rodrigo, já que a tua felicidade é recíproca.
Ofereceste-me um dia que guardarei para sempre no álbum da minha memória.
Afinal é tão fácil e simples fazer uma criança feliz!
OBRIGADO RODRIGO.

ADORO-TE PAI!!!

 






DIOGO_MAR
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ADEUS INDY



Hoje Estou agastado.
Tive de tomar uma decisão extremamente difícil.
Pôr ponto final a vida do meu cão.
Uma viagem sem regresso.
O nosso amigo de 17 anos, entrou numa fase terminal da sua vida.
A dedicação a tempo inteiro que sempre teve pela minha família, assente numa plena reciprocidade, fez-me cair num impasse, quanto a prática da eutanásia.
Os berros lancinantes de dor, junto a enormes hemorragias, pintaram de sangue este dia.
Derramamos lágrimas de dor e pesar sobre o seu corpo.
Explicitando todo o amor e carino e respeito pelo seu imenso sofrimento.
O meu Cão (INDY) partiu, levou com ele os momentos de tanta alegria que sempre estava desposto a partilhar connosco.
Senti-me na obrigação de não perlongar mais o seu sofrimento.
Foi muito difícil.
Hoje uma injeção, pôs cobro a sua vida.
Adormeceu para sempre.
A casa ficou gelada e mais vazia, perdeu muito do bulício que ele nos obrigava a ter, com as suas corridas e traquinices.
Faltam os seus saltos, o latir, as lambedelas de carinho, que sempre tinha para dar.
Foste até ao fim, fiel, inteligente, e amigo, de uma dedicação inigualável.
Agora Indy, já não te poço mandar para o castigo quando te portavas mal.
Colocava-se de pé, com as patas traseiras no chão, e as dianteiras na parede, como se de uma criança se trata-se.
Já não apanhas as molas da roupa quando caíam, para nos entregar há mão.
Já não nos provocas para uma boa brincadeira.
Agora já não sinto a macieza do teu pêlo.
Deixaste-nos, meu campeão, que até hora da despedida, tinhas um olhar, terno e doce.
Vou ficar por aqui, já que lágrimas atrevidas teimam em fugir.
Já temos saudades tuas meu amigo Indy.
Vais estar sempre bem vivo nas nossas memórias.
Tu não passavas sem nós, mas agora vamos aprender a viver separados, porque a vida não se compadece com a morte.
Estas linhas sofridas, que estou a escrever, tem como intuito desabafar e soltar o nó, que sinto na garganta.
Neste mundo do salve-se quem poder, uma verdadeira selva, faz-me dizer:
Quanto mais conheço o homem, no sentido lato, mais gosto dos animais.
ATÉ SEMPRE INDY.


DIOGO_MAR

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O SABOR DO TEMPO



Guardo bem presentes, os dias que passava em casa da minha Avó.
Um palco recheado de histórias de uma vida, da qual eu era um herdeiro direto.
Debruçada sobre a aldeia, gozava de uma paisagem sublime.
Gostava de ao acordar, acercar-me da janela, abrir as portadas de madeira, preguiçar e soltar o bocejo matinal, esfregar os olhos ofuscados pelo sol, e contemplar todo aquele quadro de uma blesa inigualável.
A aldeia parecia carregar-me aos ombros.
Via todo o casario, e o caminho em terra batida que o serpenteava.
Lá ia o carro de bois,  com o seu imponente jugo, era audível o som característico que imitia.
Guiado por um homem, de rosto castigado pelo tempo, vestia uma samarra, levando na cabeça um chapéu de palha, com largas abas, munido do aguilhão que usava para reprender o gado.
O vento trazia até mim, a sua voz de comando para os animais.
Mais ao fundo o campanário, com o relógio que de quinze, em quinze minutos quebrava o silêncio daquelas paragens, com um som roufenho.
A perder de vista o rio, onde estava a velha barcaça de transportar os animais para a outra margem.
O fumo libertado pelas chaminés, fazia um bailado com o vento, seria ele o seu par?
As minhas narinas eram inundadas pelo cheiro a café e a torradas.
Mas o maior encanto era o perfume que a lenha libertava.
Bom, o próximo passo, era fazer a oração, ao anjo da guarda, esculpido na madeira da caixa de música, onde tinha um cordel que puxava para escutar a melodia que embalava o meu sono, e me projetava até as estrelas.
Ela estava sobre a cabeceira da minha cama de ferro trabalhado, onde me joelhava de mãos unidas dizendo:
(meu menino Jesus, dá-me a tua mão, que eu sou pequenino, poço cair ao chão)
(Anjo da guarda, minha companhia, guardai a minha alma de noite e de dia).
Pós este ritual BI diário, que a minha Avó me havia ensinado, afagava com um olhar, os móveis em castanho, com tampos em mármore.
Ao centro da cómuda,estava pousada uma imagem de nossa senhora de Fátima, e o retrato do meu Avô.
A um dos cantos, um lavatório em esmalte, agora tornado adorno.
Uma bacia, que encaixava numa estrutura de ferro, sob ela estava um jarro e um balde.
A minha Avó, cuidava do meu quarto, com o muito amor e carinho, que fazia questão de me presentear.
Assolhava as roupas da minha cama, deixando-as com um cheirinho a sol, eliminando dessa forma os vestígios do odor a naftalina.
Nunca esquecendo de colocar a minha mantinha dobrada em quatro, pousada na minha travesseira bordada pelas suas mãos cheias de mundo.
Do mobiliário, aos adornos, tudo transpirava capítulos de um álbum do tempo, que agora pareciam estar expostos numa galeria de arte antiga.
O cheiro a cera, que imanava o soalho dava um toque de frescura, a uma casa onde eu me sentia feliz.
O tique taque do relógio de parede, marcava a cadência de uma espiral de momentos calibrados pela poeira dos anos.
O fio do tempo, era como se fosse uma teia tricotada, por sacrifícios, bordados de lágrimas suor e sorrisos, a que as suas rugas, e o seu xaile davam uma textura imensamente doce.
Ali os anos estavam encaixilhados num quadro de memórias, aos quais, o tempo e o relógio eram indiferentes.
Ao canto da sala, morava um cadeirão de madeira imponente, todo torneado e lavrado que me dizia, que estavam ali guardadas leituras de obras ancestrais, de páginas já amareladas, e com cheiro a papel velho que os anos castigaram.
Era onde o meu Avô gostava de repousar o corpo, e os olhos sobre uma vida que a velha estante encerrava.
Agora que ele tinha partido, levando com ele uma larga cota da alegria da minha Avó.
Ela gostava de me olhar sentado no velho cadeirão, eu reparava, que no seu olhar bem explícito, cintilava, um misto de nostalgia, e de orgulho por eu estar ali.
Certamente lhe trazia a lembrança o meu Avô.
Eu carregava aos ombros tão pesada, mas tão enriquecedora herança.
No centro, uma longa mesa que se enche pelo natal, com uma toalha toda feita em renda, pelas mãos mágicas e noites mal dormidas, daquela mulher de beleza única, e um autêntico baluarte da estrutura familiar.
A lareira transmitia um calor melancólico, mas muito aconchegante.
Sentados num velho escano, íamos debruando as palavras em torno de peripécias vividas em épocas bem distintas.
Ao lume lá estava sempre o pote, onde era confecionada a sopa mais maravilhosa, que eu havia comido.
Pousados num guarda-loiça, uma verdadeira coleção de compotas que a minha Avó também sabia dar corpo, e que me presenteava nas minhas idas a sua casa.
Aquele olhar carregado de ternura e cheio de ânsia por fazer mais, e ainda mais, testemunhavam o quanto ela sabia ser uma boa anfitriã.
O silêncio era rompido pelo crepitar da lenha, a contra passo das batidas do velho relógio, que teimosamente persistia em evidenciar, o ritmo de uma casa, cúmplice da calmaria.
Os retratos de família, juntavam-se a uma imensa coleção de utensílios, caídos em desuso.
Uma máquina de cozinhar e um candeeiro a petróleo, uma candeia, de azeite, a juntar a vários adornos de porcelana e os candelabros rendilhados, emprestavam um ambiente muito próprio a casa da minha Avó.
Era um verdadeiro álbum infindável de conhecimento, e experiencias, que me ajudavam a crescer, e valorizar a vida, que transpirava história por todos os poros.
Na hora da despedida, havia sempre um ritual que eu a acostumei.
Junto a porta de saída, num bengaleiro estavam a bengala e o chapéu do meu Avô.
Eu colocava-o na cabeça, e pegava naquela que foi a sua segunda companheira.
Arrancava um belo sorriso, envolto em nostalgia, a um rosto cheio de candura.

Fica-te bem Diogo!
Gracejava a minha Avó.
Ela era um monumento vivo, de experiencias de vida que eu também ir dei.
A riqueza de uma família reside no testemunho que atravessa gerações.
Como de um caminho se tratasse, que serpenteava as nossas vidas, numa escola onde as lições ficam sempre incompletas.
Ou não fosse a vida uma escola, que todos frequentamos, onde o mestre é o tempo!


DIOGO_MAR